quinta-feira, 15 de julho de 2010

O futuro de Lula

Há trinta anos no palanque, enfim vai descobrindo que precisa pensar em algum emprego. Daqui a 170 dias, acordará longe do Palácio da Alvorada e sem direito a entrar sem bater no gabinete que já não será seu.

Devolvido ao Brasil real ─ sem ajudantes-de-ordens, sem agentes de segurança, sem carregadores de mala, sem o exército de empregados, assessores e secretárias, sem a multidão de áulicos, sem cartões administrativos, sem plateias amestradas, sem helicópteros, sem o Aerolula, sem intérpretes e, sobretudo, sem poder ─, Lula logo entenderá por que o general Golbery do Couto e Silva vivia dizendo que, no País do Carnaval, nasce capim na porta da casa de todo ex-. Os visitantes começam a rarear no primeiro mês e desaparecem no segundo. Há endereços mais lucrativos a frequentar.

Se Dilma Rousseff perder a eleição, Lula vai tentar a volta a Brasília no sereno, num Brasil que terá percebido o logro imenso da Era Lula. Se Dilma vencer, vai sonhar com o retorno já transformado em ilustração da regra sem exceção: toda criatura esquece que houve um criador e ocupa inteiramente o espaço político que herdou. Como a segunda hipótese é menos aflitiva, o chefe de governo se reduziu a chefe de campanha. E faz o que pode, e a lei não permite, para eleger a sucessora que inventou.

Por Marcos Ferreira

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