Certa imprensa comprou a tese, produz reportagens péssimas, repetindo cretinices, e depois vai ouvir o “outro lado”. Uma das coisas, entre tantas, que me incomodam nessa abordagem é que ela repete rigorosamente o PT dos velhos tempos, aquele que fazia criticas rasas ao governo, com ampla repercursão na imprensa, jogando depois, no lixo as proprias prospostas. Ou alguém coleguinha conseguiria provar que Lula governou com o programa do PT? Os arquivos estão aí: os petistas achavam que superávit primário era uma reserva para pagar banqueiros ladrões. Mas voltemos aos pedágios.
Na gestão Serra, por exemplo, fizeram-se cinco concessões à iniciativa privada. Renderam R$ 5,5 bilhões, e as empresas vencedoras terão de investir R$ 8,5 bilhões. A inegável qualidade das estradas sob gestão privada — o Estado conta com 10 das 10 melhores do país — tem um custo, e o dinheiro arrecadado nos leilões vai para mais estradas e obras. As empresas concessionárias têm a obrigação de reparar e manter em condições ótimas as estradas vicinais, que não têm pedágio. Como é possível falar sobre o preço sem sem falar nos investimentos? Uma obra como o Rodoanel não cai do céu.
Fazer uma reportagem indagando o usuário se ele acha o pedágio caro ou barato é dessas vigarices jornalísticas e, na verdade, morais que desqualificam o jornalismo. Ora, é claro que ele sempre vai preferir pagar menos — como qualquer um de nós. A questão é saber o que esse “menos” implicaria na infra-estrutura do estado e na qualidade do serviço. “Ah, queremos estradas de padrão alemão, mas pagando o pedágio da Régis Bittencourt, onde vigora o modelo Dilma”. Bem, aí você terá uma estrada com o padrão do modelo Dilma — e as mortes também. E os buracos também. E as quedas de barreira também. E a falta de acostamento também. E a falta de guincho também. E a falta de socorro também. E a falta de telefones também.
“Ah, mas há países com estradas tão boas quanto e pedágio mais barato”. Pode até ser. Não se pode comparar um país que ainda demanda pesados investimentos nessa área com outros onde não há mais nada a fazer em matéria de estradas, a não ser zeladoria. As empresas que privatizaram essas cinco estradas terão sob seus cuidados nada menos de mil quilômetros de estradas vicinais, o que vai beneficiar várias cidades. Ao todo, o dinheiro do pedágio serve para obras de conservação de 12 mil quilômetros das vicinais.
Mas o senador Aloizio Mercadante pode começar por dar o exemplo. As cidades administradas pelo PT que contam com praças de pedágio poderiam abrir mão, por exemplo, do ISS que arrecadam — sim, os municípios são bastante beneficiados pelos pedágios. Ou então encaminhar ao governo do Estado uma solicitação: “Pedágio na minha cidade, não! A gente não gosta disso aqui”. Sou a favor de que os moralistas pratiquem a moral que prodigalizam.
O governo do PT podia mostrar que é possível manter as estradas em excelentes condioçoes sem privatiza-la, mas por que não mostram? PORQUE NÃO TEM CAPACIDADE.
Por Marcos Ferreira
Caros Tres Amigos,
ResponderExcluirpeço-lhes desculpas por estar com este comentário fora do assunto deste post, mas,peço-lhes, fineza, divulgar a AMOBIKE (http://amobike.wordpress.com).
E o link direto para este importante post: http://amobike.wordpress.com/2010/07/14/abandono-tem-se-uma-solucao/
Muito Obrigado.
Abraços.